terça-feira, 11 de dezembro de 2012

A Ilha

Encontrava-me nesta ilha deserta
quando um garoto deu-me sua mão,
de olho verdes iguais aos mus,
começando a fuga, levantei-me do chão.
Aos poucos corríamos juntos
através deste lugar vazio,
então eu vi o que não devia
e meu coração parou pela indecisão.

Eu era como o vento,
tentando trazê-lo para perto.
Mas você era como a água,
escuro, intocado e parado.
"Venha comigo" o garoto dizia,
mas eu queria ficar ali,
procurando desculpas pela luta vencida
querido, eu deixei o garoto ir.

Mas ele voltou ontem
me falando sobre um sol poente,
que meu dia estava ao fim,
e estendeu-me a mão novamente.
O silêncio nos pegou desprevenidos,
não sabia a quem dava ouvidos.
Era uma linha fina demais,
ameaçando arrebentar em cima de mim.

Ele era como vento,
tentando me levar para longe.
Mas eu era como a água,
duro e impenetrável em forma de gelo.
Ele me puxava forte,
mas eu insistia em você.
Então, por favor, querido
não deixe ele te tirar de mim.

Meus olhos encontraram os seus e os dele,
nos olhamos por certo momento.
Qual seria o anjo e o demônio?
A quem meu corpo estava entorpecendo?

Abaixei e segurei sua mão,
ele me puxou pela outra.
Então não havia saída para nós,
éramos três escravos dos elementos.

Você era como o vento,
soprando e me prendendo.
E ele era como a água,
afogando-me em esperanças perdidas.
Fugir desta ilha era impossível,
parece um vazio sem fim.
E de mãos dadas permanecemos:
Os elementos, ele, eu e você aqui...

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Não sinto

Eu sinto o dia acordando mais frio
vazio
cinza
branco
preto

Eu sinto o chuva cair lentamente
sem molhar
nem
me alcançar

Eu sinto os sorrisos aparecerem
sumirem
sequer
existirem

Eu sinto as pessoas longe
distante
cegas
sonhando

Eu sinto os sonhos se desfalecendo
mudando
se tornando
pesadelo

Eu sinto minha vida passar
correr
cair
e ficar

Eu sinto meu coração pulsar
bater
fraquejar
e parar

Enquanto meu olhos veem o breu
pisco
fecho

e apenas sinto
sinto
sinto...
...o desconhecido!

Seus olhos e o mar

Em seus olhos naveguei
No azul deste mar me perdi
Sufoquei-me e deixei a corrente me levar
Senti seus braços me puxando para o fundo
pude ver cada resquício de oxigênio sair
me dei a chance de não me importar

Em seu corpo eu deslisei
Me perdi nas curvas deste amor
fechar os olhos e rezar era pouco
estava perdido nesta onda azul
Logo tingiu-se de vermelho
entre o toque de nossas mãos

Segure-me forte em seus braços
Eu não quero subir
O peso do céu é muito forte
Atlas quase não suporta
Um pecador como eu não aguentaria
Deixe-me continuar navegando neste mar
Afundar-me neste torpor de ilusões

Não deixe que a pressão me sufoque
Mas me apresente aos discípulos de Poseidon
Ainda navegando pelo seu corpo
Numa nudez fantasiada quero estar
E amanhã ao acordar
Mais um sopro para eu voltar a mergulhar

Neste olhos azuis eu permanecerei
Preso ao charme salgado de seu mar
Embora nosso lábios ainda não tenham se tocado
Afrodite contou-me que ele ocorrerá
e preso a meu ultimo suspiro
deste mar não irei mais sair.