Acontece

Essa  é uma história criada durante um trabalho escolar para crianças dos anos iniciais do ensino fundamental.
Foi escrita em 2009, e adaptada em 2011. Espero que gostem...


As Rodinhas Nunca Falham

Era uma vez, um menino de 12 anos que morava numa cidade pequena chamada Cinze, com apenas 12.200 moradores. Na escola onde estudava, só havia 309 alunos, os quais conhecia decor.
Adam não gostava nada daquele lugar, sentia falta de algo. Restavam apenas dois dias para começar as aulas e não tinha aproveitado suas férias – onde ficou em casa o verão inteiro.
Sua casa era grande, branca com janelas floridas e seu jardim da frente tinha mais plantas do que se podia contar - a não ser que tivesse uma tarde inteira para ficar lá.
Ainda assim, ele não era feliz.
Ao acordar, em seu primeiro dia de aula, se sentia pouco otimista, adorava ir à escola, mas não gostava de educação física. Sempre ao final da aula, ele tinha uma lesão – e sem querer sempre levava alguém junto para seu grande tombo.
Levantou, arrumou-se, tomou café e decidiu ir andando, pois escola ficava a três quarteirões dali. No caminho, parou para ver uma casa que nunca morou ninguém, estava com um caminhão de mudança no quintal e quatro homens levavam móveis lindos e luxuosos para dentro. Adam achava aquela casa linda, mas nunca ousou entrar escondido, tinha a plena certeza de que era assombrada. Entretanto, decidiu investigar quem eram os novos moradores à tarde.
Ao chegar à escola, deu oi para quase todos os alunos que estavam ali – afinal de contas, conhecia todos. E foi direto para sua nova sala de aula. Sentou-se, e esperou a professora entrar na sala.
Sem querer, olhou para o lado ao notar uma garota loura que estava sentada em uma cadeira de rodas.
Logo, achou ela linda. Apesar de ser ruivo, gostaria de ser louro.
- Oi! – Disse Adam olhando para o lado.
- Oi... – A garota respondeu meio rouca. – Tudo bem?
- Sim e você? É nova aqui? – Perguntou Adam se inclinando para vê-la melhor.
- Sim. Cheguei ontem, mas ainda não me acostumei. – Respondeu ela. – Qual seu nome?
- Adam! – Respondeu ele.
- Alice... – Fala ela dando um sorriso torto.
Durante a aula, ele de vez em quando olhava para ela. Porque ela usava cadeira de rodas? Porque veio para cá? Será que é a família dela que estava naquela casa abandonada? E o pior de tudo, assombrada?
Chegando em casa após a aula, pegou sua bicicleta e foi passear – claro que pretendendo passar pela casa abandonada. Pedalou rápido, pois queria saber se era realmente ela que morava ali, e suas suspeitas confirmaram-se.
Alice acenou para ele da varanda da frente, que retribuiu meio envergonhado. E viu um homem loiro alto perguntando algo a ela. Votou para casa e fez seus deveres.
No resto da semana não falou com ela, somente cumprimentava. Assim como os demais de sua classe, ele tinha um pouco de receio, sem nenhum tipo de maldade, mas ela era nova em todos os aspectos.
Passou duas semanas, e ele reparou que nas aulas de educação física ela ficava num canto observando todos correrem, gritarem, rirem e se divertirem.
Então, ao soar o sinal da aula de educação física, ele foi até ela.
- Posso lhe fazer companhia? – Disse gentilmente.
- Sim, claro! Mas não perca sua diversão por minha causa... – Avisou Alice olhando para ele com sorrindo.
- Não gosto dessa aula! Sempre me machuco, ou machuco alguém. – disse envergonhado.
Alice riu.
- Gosta de xadrez? – Pergunta ela.
- Não sei jogar. – Respondeu.
- Te ensino... Venha, vamos naquela mesa. – Convidou ela indo em direção a uma mesa no quintal da escola.
Adam achou o jogo fascinante, decidiu jogá-lo todas as aulas de educação física – com ela. Durante as aulas, passou a conversar mais com ela, reparando em sua inteligência – maior que a dele.  Então perguntou:
- Como você ficou assim? Quero dizer... – Mas foi interrompido por ela.
- Num acidente de carro! – Diz ela com um sorriso falso. Foi uma péssima idéia fazer a pergunta pensou.
- Desculpe se te deixei triste...
- Não se preocupe, não sou infeliz por isso. A única coisa que não gosto, é que fiquem me tratando com diferença.
 A partir daí, reparou no quanto as professoras lhe davam atenção. Não deixavam muita gente em volta dela, mesmo que o único que estivesse ali fosse ele. Ninguém mais na escola parecia falar com ela, ao menos notá-la.
- Porque só você e aquela menina lá do meio vieram falar comigo? - Perguntou Alice com um ar triste. – Eles têm medo de mim?
- Não... Mas tem receios... Eu acho! – Respondeu.
- Deve ser mesmo... – diz Alice agora mostrando que estava triste.
- Quer passear hoje? – Pergunta ele momentaneamente.
- Sim! Aonde vamos? – O sorriso dela apareceu repentinamente.
- Vou te mostrar a cidade! Você vai gostar... – Diz ele com um grande sorriso também.
- Quando? Hoje? – Pergunta ela.
- Sim... Depois do almoço! – Responde Adam.
A aula acabou, e Adam ao ver que ela voltava sozinha para casa, foi até ela começou a empurrar a cadeira.
- Aaaahhhh!  - O grito de susto dela o assustou também. – Ah... É você que susto!
- Sim... Vou te levar até sua casa! É no caminha da minha!
Ela negou, mas depois de tanta insistência de Adam, aceitou o convite e foram juntos. Ao chegar à frente da casa de Alice, o homem louro estava saindo correndo pela porta, e quando a viu parou com ar de satisfação:
- Desculpe filha... Me atrazei! – E vendo Adam atrás dela pergunta. – Oi! Quem é você?
- Ele é meu amigo, Adam... Muito legal! – Responde ela com um grande sorriso.
- Oi Adam! Quer entrar para almoçar? – Perguntou ele, agora também feliz por perceber que ela tinha amigos.
- Muito obrigado pelo convite... Mas eu não posso! Minha casa é logo ali. - Falou ele apontando para o quarteirão ao lado.
- Nós vamos passear hoje! – Falou Alice ao pai dela. Adam que estava saindo, voltou.
- Vou levá-la para conhecer a cidade! – Afirmou ele.
- Que bom! Excelente idéia! – Fala o pai de Alice. – Ah... Meu nome é Tom! Prazer!
Adam assentiu, e foi para casa. Logo depois do almoço, saiu e foi até a casa de Alice, ela estava esperando na área da frente.  Foi até ela e saíram para passear.
 Ele a levou para muitos lugares: sorveteria, livraria, na praia que tinha ali perto e em vários outros lugares que se destacavam na cidade. No fim da tarde, quando chegaram à casa de Alice, estavam exaustos.
Ela por sua vez, não deixou mais que ele a levasse, e sibiu pelo caminho no quintal sozinha. Dizendo:
- Adorei o passeio! Até amanhã!
- Até! – Respondeu ele.
No outro dia, ao chegar à sala, foi direto falar com ela. Viraram amigos a partir daí. Sempre fazendo tarefas juntos e passeando. O pai dela os levou para o cinema. E a mãe de Adam para o museu que ficava numa cidade vizinha.
Os meses se passaram, e certo dia Alice o chamou para ir a um ginásio de esportes com o pai dela.
Quando chegaram lá, viram muitos jovens que poderiam ter de 17 anos para mais. Todos jogando basquete, mas com uma curiosidade, todos cadeirantes. Num primeiro momento, ficou abismado com o que via. Achou tudo aquilo novo e fascinante, imagine o quanto eles tinham que treinar para jogar basquete? – ele mesmo ao jogar conseguia sem querer arremessar a bola na cabeça dos outros.
Sentou-se na arquibancada para assistir ao jogo. Alice jogava com umas meninas entre 10 a 12 anos – a idade deles.
Achou mais fascinante ainda, ao voltarem para casa, ela estava exausta. Então, foi direto para casa sem tentar conversar para deixá-la descansar.
Dois meses se passaram, e eles estavam mais amigos do que nunca. Iam e voltavam para a escola juntos. Continuaram o costume de fazer tarefas e trabalhos juntos. Mas certo dia, numa aula de educação física, os alunos correndo pra lá e pra cá deixaram Alice preocupada:
- Estou com medo de que algum deles me bata e eu caia. – Disse acompanhando todos com os olhos.
- Eles não vão fazer isso! – Tentou acalmá-la. Mas no momento em que disse isso, dois meninos vieram para cima dela e a derrrubaram caindo em cima da cadeira e jogando-a com força contra o muro.
O estrondo e o grito dela ecoaram em seus ouvidos. Adam num pulo foi levantá-la, apoiando-a em seu ombro – ela era pesada. Estava desmaiada, e havia machucado a cabeça.
A professora pegou Alice dos braços de Adam e a levou para a secretaria no colo mandando todos voltarem para a sala. Onde já estavam sendo aguardados pela secretária da escola.
Ele por sua vez, seguiu a professora que o barrou na entrada da secretaria. Pode ver a ambulância chegando junto a Tom. Ficou eufórico, querendo de todas as formas sair dali. Foi quando o pai de Alice – Tom – apareceu na porta:
- Vamos Adam! – Chamou.
Adam assentiu, e correu atrás dele. Foram ao hospital ali perto e ele assustou-se vendo que ela não havia melhorado. Os meninos de alguma forma bateram muito forte nela.
Voltou para casa pensando se ela melhoraria até o próximo dia.
Passou-se uma semana, e Alice não melhorava, ficava deitada como se dormisse na cama do hospital.Pelo menos era o que diziam a ele, já que não o deixavam entrar no hospital. O pai dela nunca estava em casa, e ouvindo uma conversa escondido do parapeito da janela, escutou o médico dizendo que Alice encontrava-se em coma. A escola voltou a ser chata como antes, e ele foi obrigado a voltar a praticar esportes – descontou a batida que os dois meninos deram nela com milhões de chutes e pontapés jogando futebol; quase todas os acertaram. Seja lá o que fosse este coma, os meninos também teriam isso.
Na sala de aula, estava um tédio. Não tinha com quem conversar e fazer suas tarefas. Os antigos amigos não eram iguais à Alice. Mesmo ela não andando era muito especial.
Estava muito triste, e tomou um susto ao ver o pai dela na porta de casa quando estava voltando da aula.
- Adam! Venha, ela está aqui! – Tom estava esbanjando felicidade, que logo apareceu no rosto de Adam também.
Correu até Tom que o levou para o quarto dela. Era a primeira vez que entrava lá. Era todo rosa com bonecas em todas as partes, reparou numa foto na estante dos dois juntos na escola – uma foto que ele também tinha.
- Oi Adam! – Fala Alice com a voz abafada. – Quanto tempo! Você está com uma espinha na testa!
Ele sentou-se na cama sem responder e ficou olhando para ela:
- Você está bem? – Perguntou.
- Sim... Minha cadeira ficou na frente deles me protegendo um pouco. – falou ela lembrando-se do tombo. – Minhas rodinhas nunca falham!
- Pois é... – Responde ele. – Vai para a escola amanhã?
- Sim... O médico liberou!  - Disse ela rindo.
- Ai que bom! – Disse ele rindo também.
Conversaram um pouco, e aproveitou para perguntar o que seria o tal coma. Tom foi quem respondeu a pergunta e quando Alice demonstrou cansaço, abraçou-a e foi embora.
No outro dia, foi buscá-la em casa e a aula foi só felicidades. Agora, outros alunos vinham conversar com ela – que o fez ficar com um pouco de ciúmes – mas vendo que ela estava feliz com isso, percebeu que era bobeira.
Na aula de educação física, enquanto os alunos estavam jogando vôlei, ela o chamou para jogar basquete. Já havia enjoado de xadrez – ela principalmente que depois que o ensinou só perdia - ele aceitou receoso.
Tomou cuidado para não acertar a bola nela, mas isso não aconteceu – ele agradeceu muito por isso; Mas acabou perdendo.
No final da aula, voltaram juntos falando sobre o jogo e as cestas que Alice tinha feito. Ela vencera de 43 a 22.  E brigou um pouco, por ele ter deixado ela acertar, sem nenhum esforço, algumas cestas.
Ao chegar à frente da casa dela, ele deu um beijo em sua testa e ela falou:
- Viu! Minhas rodinhas nunca falham!
       E assim, continuaram amigos durante a adolêscencia, então se apaixonaram, e viveram felizes para sempre! Mostrando a todos, que não são as diferenças que impedem uma pessoa de ser feliz!

2 comentários:

  1. Kevin! Que legal!
    Vc tem "a veia" de comunicar através da escrita o que vc está pensando. Lembranças são um ótimo material.
    Parabéns! Continue escrevendo.
    Beijão
    Beth

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado Beth!!
      Estou muito feliz por ter gostado!!
      Obrigado!! ^^

      Excluir